All the stars comes close together
and looks like they're talkin':
"who's that one?"
No one seems to care
about the one who's out there
standing so close -- yet so far
If you were the lonely star
out there, in the great sky
I wouldn't be the one to cry
Oh, no
Right down here,
I'd probably get blind --
but my eyes you'd find.
No star is lonely if there's someone to look after
And when the sun shines right there from above
I'll know: I made it worth.
10.12.10
12.
20.11.10
11.
Aquela velhinha com seu guarda-chuva numa mão,
um sacola pesada na outra, as costas, tão corcundas,
lhe faziam quase beijar o chão.
No mesmo chão que o mendigo estendido, negro na
pele e na sujeira, coberto com poucos papelões, deixava
à mostra a palma da mão.
A mesma mão que um dia suportou o peso, que
chegou a estudar, que brincou, que acariciou um o rosto
de pele macia, lhe transmitindo paz ao coração.
Coração aquele que batia pesado ao caminhar à
sua volta, ao desespero que o abatia junto a crueldade
envolvida. Chorou, fez o Sinal da Cruz e implorou para
que alguém lhe tomasse conta.
A mão estendida não pedia pela moeda que nela
caiu. Os olhos enxergavam com certa dificuldade os
passos rápidos que levavam companhia para longe dali.
Não valia se mover. É o final que deixa em
evidência as carências, a escuridão da noite envolvia
os desamparados e a chuva camuflava o choro.
Enquanto o céu ecoava o som dos muxoxos
enviados por Deus.
14.11.10
10.
qual a diferença entre o pensamento e o sentimento?
não há nada além de letras e delas, palavras
aquela que se desenvolve em prosa e se mantém
e que no verso se retém.
qual a diferença entre solidão e castigo?
não há nada além do nada, desse cúmulo do nada
na necessidade de se ver sentido.
é desanimador -- e é onde mora o perigo.
qual a diferença entre desejo e tentação?
bem,
a primeira grita, mas nem sempre se faz ouvir
a segunda enlouquece, corrompe, logo se perde o norte
naquilo que lutamos para não admitir.
20.10.10
9.
Não conseguirei ficar muito mais tempo sem dizer isso. Então, vamos lá:
13.10.10
8.
No meio do bloco...
"
E que dentre todas aquelas faces,
Seu rosto procurei.
Não uma, mas centenas de vezes mais.
Se era esperança minha
ou tolice, como queira,
- não sei.
Ao vento me descabelei
e molhei-me a chuva
Sem que uma única palavra tua
que pudesse justificar.
Não te culpo;
não por aquilo que não podes controlar.
Lhe culpo pelas traças, pelos copos
sujos vazios e
tudo cheirando a vinho.
Lhe direciono a pouca cautela,
a distração, falta de tato
e uma certa rispidez.
Se não falamos sobre isso
foi porque eu não quis
e você não se opôs -
neste silêncio em que insistem
berrar palavras de insulto,
você sempre se fez entender
enquanto eu fiz questão
de tentar esquecer.
O quão em vão, é desnecessário dizer.
Ainda lembro de minhas tremedeiras
teu tão teu jeito
seu suor criando piscinas em minhas unhas
o frenesi que nos achávamos
emitindo sons, que vibravam.
"
26.9.10
7.
Tecnicamente, imagino eu, ela nem é minha vizinha, já que nossas portas não estão lado a lado; ora, nem dividimos a parede! Estou no terceiro andar e ela lá no sexto. Não estamos nem mesmo na mesma coluna do prédio, nossos carros ficam separados por um andar, mas isso não a impede de se achar parte da família.
Bate à minha porta a qualquer hora do dia ou da noite. Já fez da minha casa seu supermercado particular -- você pode me emprestar um tomate e uma cebola? quero fazer um cachorro quente e eu pergunto: quem EMPRESTA tomates e cebolas? E não se engane, ela entope as visitas (me questiono se imaginárias) com pudim e sempre (SEMPRE) vem nos pedir a forma emprestada.
Não limitada a pedir comida, já chegaram aqui solicitações estranhas como desfazer o nó do biquini -- recusado com minha característica gentileza e repassado para outro com minha notável cara de pau. Não bastante, o ponto alto foi o pedido para tomar banho, visto que o chuveiro dela havia queimado e ela não queria tomar banho gelado... OK, man, aaall right.
Um dia, numa dessas ressacas guerra, com o cabelo desgrenhado, parecendo um mufuá, calça jeans e blusa de pijama, olhos quase fechados e nenhuma vontade de sair do sofá, ela chega querendo vender lingerie. C'mon! Volte mais tarde, que estamos todas muito ocupadas. Coitada, ela quer um ofício! Até se ofereceu para tomar o emprego alheio na maior, mas logo desistiu, pois horário bom é aquele que não acorde muito cedo, não termine nem perto do anoitecer e não atrapalhe o curso dela a tarde.
Mas de uma coisa me considero livre: graças a Deus o apartamento dela é próprio -- conforme me informou o porteiro. Se não fosse por isso, não dormiria em paz prevendo o dia em que ela pediria para passar uns tempos aqui -- e eu já acho uó ela pedir o celular emprestado, além de todo o resto.
Francamente! E depois dizem que sou mal humorada...
17.9.10
6.
Não amo, não vivo
Perambulo --
no meu silêncio, articulo
essa relação de arquivo.
Não desprezo,
tampouco preservo,
prefiro esquecer
-- deixar engavetado,
que uma hora vira passado.
Uma hora a gaveta cospe papel
o pensamento é realmente,
totalmente, infiel;
e tudo vira Torre de Babel.
Mas (e mais) vale a aventura
ainda que cruel, incerta
e expressa por quem não te interessa
a aguardar, na esquina,
por essa vida, que termina.
12.9.10
5.
Isso é bom e vou te explicar o motivo: você pode pegar bem aqui, você vai se queimar e não vai nem sentir. Sério, o que pode ser melhor do que se queimar e nem sentir?
28.8.10
3.
São memórias de outra vida, algo bastante alternativo. Ninguém fala sobre crescer. Não nos dizem sobre essas experiências nas longas palestras e grossas apostilas sobre produtos lícitos/ilícitos. E é numa hora dessas que eu gostaria de ter optado por Psicologia ou Medicina. Ainda mais cedo estava falando sobre isso...
Uma simpatia anormal, uma discussão que tirou o sono da garota cheia de opiniões políticas que de repente se tornou. Um amor crescente e a vontade de nunca mais deixar, flertes frustrados e paixões de minutos. Declarações abertas e risadas à solta.
Essas imagens são verdadeiras? O muro está tão baixo e o corpo tão trêmulo, será que poderia me jogar daqui? Penso no que pensariam. Penso no que nunca pensei.
26.8.10
2.
Há algo de poético sobre escrever ao ar livre. O vento, as pessoas passando, o sol batendo livremente. Tirar o ambiente virtual do frio, escuro e fechado que geralmente o acompanha é uma sensação inexplicável de liberdade. Dá até para pensar que o mundo é um lugar muito melhor. Há muito de poético nisso.
Mas não há nada, nada mesmo, de poético sobre a barata que está se aproximando...
22.8.10
1.
Em Abril teve a tal greve de ônibus aqui no Rio. Só que eu, desavisada no início da manhã, parti pro ponto faltando meia hora para o início da minha prova. Cheguei lá e o lugar estava lotado de gente ― todos desavisados. No meio daquela coisa toda, acabei descobrindo uma menina que estudava no meu campus e ela me disse, apavorada, que já estava ali há mais de uma hora. Achei doidera alguém ficar esperando por um ônibus aquele tempo todo, mas enfim… Deus sabe o que faz.
E ai estava quase indo embora quando um fura-greve chegou, dirigindo com certa dificuldade aquele veículo abarrotado, cuspindo gente pela janela. A garota, que estava com um terço na mão, me convenceu a tentar pedir para a professora aplicar a prova pra mim. Deixamos o povão entrar e conseguimos ficar num nível remotamente parecido com o conforto antes da roleta.
Não deu dez minutos e eu já estava lembrando desse pouco conforto como uma época de ouro. De repente tinham umas quinze pessoas naquele espacinho e uma única janela soprando pouco vento. Lá pelas tantas, três senhoras nanicas entraram e se enfiaram entre a gente, como um carro compacto numa vaga apertada. Uma delas gritou, juro, como um brado de guerra: “EU VOU CHEGAR AO INCA!”
Como não poderia ser diferente, esta resolveu ficar ao meu lado e tossia de tempos em tempos. Aquilo estava me dando nervoso. Aquele bando de gente, o calor, a falta de vento, a mulher tossindo… Fiquei seriamente enjoada e ao invés do cara dirigir sem medo de ser feliz, não! Resolveu parar no ponto seguinte, mas a passageira não conseguiu entrar. Agarrada às barras do ônibus, ela impedia que o motorista arrancasse. Ficou naquele desce, não desce que não terminava até que uma menina berrou lá do fundo: “PUXA ELA PELAS PERNAS!”
E no meio disso tudo, vira a tal garota de terço na mão e me pergunta: “Qual é o seu Orkut?”
INCA: Instituto Nacional de Câncer